Agora não,Tiago
Este clássico de 1980 é uma inquietante e divertida história para primeiros leitores, e simultaneamente uma chamada de atenção para os adultos, tão ocupados com os seus afazeres que não atendem o suficiente às necessidades - não tanto materiais, mas sobretudo afetivas - dos seus filhos.
Por mais que Tiago alerte os pais de que está um monstro no jardim prestes a devorá-lo, nenhum deles lhe faz caso. Para cúmulo do absurdo, o monstro chega a ocupar o lugar dele em casa, sem que nenhum dos progenitores se aperceba, continuando, aliás, a ignorá-lo, tal como antes faziam com Tiago.
Um texto com frases curtas, descritivas ou dialogadas, confere agilidade à narrativa, ilustrada com imagens expressivas e cores intensas, ao longo de vinhetas que contrapõem a atitude apelativa de Bernardo para com os seus pais face à indiferença - e inclusive o enfado - destes ao serem interrompidos.
Sob esta aparente simplicidade, subjaz uma história incómoda, tão real na altura como agora, e, talvez, ainda mais oportuna. De leitura obrigatória para refletir sobre a (falta de) comunicação.