No final de um dia de escola, dois irmãos recebem a notícia da chegada de dois migrantes ao colégio. Migrantes? Como é a primeira vez que ouvem essa palavra, passarão o resto do dia a pensar nos seus possíveis significados: talvez um tipo de bolo ou um animal de estimação como os ouriços… ou talvez palíndromos! E se não passarem de espíritos maus? O que acontecerá então?

Na manhã seguinte, depois de entrarem com medo na sala de aula, conhecerão dois colegas vindos de muito longe. A emoção perante a descoberta que supõe uma nova amizade levá-los-á a esquecerem-se dos migrantes que, na perspetiva deles, nem sequer chegam a aparecer!

Um álbum que ajuda, com humor, a enfrentar o desconhecido através do olhar curioso e inocente das crianças.

Um fantasma, um vampiro, um zombie, uma bruxa, uma múmia, um lobisomem, o monstro de Frankenstein e… um gato. Para onde irão? Chegarão ao seu destino? Para o descobrir, nada como acompanhá-los ao longo de um passeio terrificamente divertido, repleto de surpresas e com um desfecho surpreendente! Um álbum rimado, inspirado nas fórmulas da tradição oral, cujos protagonistas vão desaparecendo, um a um, da forma mais disparatada, até um final inesperado, que transforma esta história num original conto circular.

"O lago dos suínos" é uma surpreendente e divertida comédia de James Marshall e Maurice Sendak que subverte o padrão dos contos clássicos para oferecer uma visão transgressora das suas icónicas personagens. O lobo desta história é uma fera em declínio que dá por ele num bairro habitado por porcos de aparência refinada que assistem a um espetáculo de ballet.

Do barroco das ilustrações hilariantes e plenas de detalhes, representando figuras de aspeto desajeitado, até ao registo de um texto tão criativo, com destaque para a apurada tradução de Margarida Vale de Gato, sem esquecer a audácia argumentativa da obra e do seu final inesperado, tudo resulta numa fabulosa narrativa rocambolesca: jogos de palavras, duplos sentidos, metáforas visuais, paródia, intertextualidade e uma reivindicação da arte e da sua capacidade transformadora destinada, inclusivamente, a saciar os apetites mais inesperados!

"Era de noite e os pirilampos dançavam à volta da Lua. Às cinco da manhã em ponto nasceu o Sol. Uma simpática joaninha chegou a voar pela esquerda. Viu uma folha cheia de pulgões e pensou comê-los ao pequeno-almoço. Nisso andava, quando chegou uma joaninha resmungona pela direita"

Esta obra bilingue, e, português e chinês, que conjuga literatura, caligrafia e ilustração, aborda a origem desta criatura mítica, criada em tempos que já lá vão pelas crianças das diversas tribos chinesa.

O tigrezinho e o ursinho vivem uma nova aventura e, desta vez, vão até à cidade, onde os espreitam muitos perigos aos quais devem estar atentos, pois andar em sítios com carros não é brincadeira nenhuma! Felizmente, pelo caminho, encontram quem lhes explique as regras do trânsito: desde atravessar a passadeira a caminhar ao lado da estrada, sem esquecer o crucial cinto de segurança quando se anda de carro.

Uma história fundamental, mas divertida também, que ensina as crianças a tornarem-se peões atentos e a adquirir responsabilidade rodoviária, com a habitual ternura das personagens, já bem familiares dos leitores de "Oh, que lindo que é o Panamá", "Correio para o tigre", "Vamos encontrar um tesouro" ou "Correio para o tigre".

Há semanas que o sol, a lua e a chuva não se avistam pela floresta e tudo está envolto numa estranha e longa noite. Os animais da Amazónia, preocupados por já não reconhecerem o seu lar, empreendem uma viagem para averiguar porque é que não amanhece... O texto poético e o emotivo tratamento da cor são as ferramentas de que a autora se serve, neste álbum vencedor do XV Prémio Compostela, para chamar a atenção relativamente à exploração e destruição de que a Amazónia é vítima, há décadas; e, ao mesmo tempo, para convidar o leitor a refletir sobre os incêndios florestais que, também em virtude das alterações climáticas dos últimos anos, têm proliferado e sido uma notícia triste e recorrente em todos verões.

Fab, o monstro amarelo, levantou-se uma manhã com uma terrível dor de cabeça, uma dor que não passava nem cantando ou fazendo exercício ou cócegas a si próprio… e nem sequer com o velho remédio da avó.

Uma história simples e divertida, ao longo da qual o protagonista consegue esquecer as suas preocupações para ajudar os outros nas suas adversidades.

Um álbum em que Carme Solé presta homenagem a um grande autor recentemente falecido, David McKee, e também a algumas das suas personagens mais queridas.

Um livro divertido e bem-humorado que, através de uma estrutura repetitiva e de ilustrações simples, mas eficazes, promove a autonomia dos mais pequenos, em casa e em família, explorando temas tão diversos e relevantes como a hora de ir para a cama, a alimentação, o vestir-se sozinho, a brincadeira ou a arrumação…

Um bilhete, cujo conteúdo ignoramos, vai passando de mão em mão, numa troca constante, ao longo da qual vamos conhecendo o bairro onde decorre esta emocionante e divertida história - os edifícios, as ruas, a escola, o centro de saúde, o parque e até o subsolo ; bem como os seus habitantes - crianças, mães, idosos… - ou as suas profissões; já para não falar das diferentes formas como a intrigante mensagem do bilhete vai sendo partilhada e divulgada. Neste livro em formato de acordeão, a leitura não se esgota numa única passagem; mas, volta após volta, sucedem-se novas e não menos surpreendentes descobertas e até o leitor é convidado a continuar, com novos argumentos narrativos, as alegres aventuras de «O bilhete».

O primeiro centenário do Partido Comunista Chinês (PCC), fundado em 1921, oferece a oportunidade de realizar um balanço não só da sua evolução, como da do próprio país. Com o triunfo da revolução liderada por Mao Tsé-Tung em 1949, a China iniciou uma nova etapa caracterizada pela procura de uma modernização que lhe permitisse deixar definitivamente para trás séculos de decadência. O PCC, com os seus erros e acertos, é o artífice da surpreendente transformação da China. A ideologia e as políticas do PCC sofreram, durante os mais de setenta anos em que o Partido esteve à frente do país, importantes mudanças que situaram a China no topo das superpotências.

Xulio Ríos analisa com minucioso rigor as transformações ao longo da história do PCC; uma história marcada por etapas ideológicas fundamentais: maoismo, denguismo e xiismo,que fizeram - e fazem - com que a China prossiga por um caminho próprio e original.

Convencido de que a Cidade do México talvez não seja o local mais aconselhável para viver, mas que é, ao mesmo tempo, tão intrincada quanto apaixonante, tornando-se quase impossível deixá-la, Juan Villoro compõe um enorme fresco do caos mítico e simultaneamente intimista da capital do seu país. Com um olhar sempre crítico, atento e pontualmente emotivo, convida o leitor a segui-lo nesta vertigem horizontal, do princípio ao fim, ou então, numa espécie de zapping, a escolher, como se de um deambulante ou de um viajante do metro se tratasse, as linhas de viagem que mais lhe interessam: do viver na cidade às personagens, dos sobressaltos às travessias e dos lugares às suas cerimónias.

A um ritmo encadeado e sob uma atraente proposta artística, o corsário desta história percorre o mundo em busca de alguém com quem lutar, mas não encontra nenhum opositor a não ser um pobre fantasma sem a mínima vontade de o fazer.

Conto dos irmãos Grimm. Zurros, latidos, miados e cacarejos ecoam por entre as páginas deste clássico. Um quarteto de músicos, de Bremen para o resto do mundo.

Ancorado na ideia do 'círculo sem fim' e arrancando no inverno, na altura em que um esquilo hiberna na sua toca junto a uma árvore, assim abre este clássico de Iela Mari, datado de 1973, mas de uma tremenda atualidade. Logo nas primeiras páginas, quase sem cor, começa a desenhar-se o ciclo da natureza: a primavera com o final da letargia dos animais, o verão com a colheita dos frutos, o outono com a emigração das aves para terras mais quentes e, por fim, de novo o inverno...

Paulatinamente, o livro ganha intensidade cromática até ao fecho do círculo sazonal, sempre com a árvore como pano de fundo e ponto de referência; e com a ação centrada no mesmo espaço, frontal, plano e sem perspetiva. Em suma, uma autêntica experiência sensorial, que é também extensível a uma outra das suas obras, «O balãozinho vermelho».

Ofereceram ao Moncho uma caixa de aguarelas e ele levou algum tempo até se tornar num grande pintor. Imagens tridimensionais em busca do abstracto.

Assediada pela ambição implacável dos especuladores imobiliários, a livraria Terranova corre perigo de desaparecer após mais de sessenta anos de resistência face às tormentas mais duras da História. Durante décadas serviu de refúgio a dissidentes, perseguidos, livros proibidos e contrabandistas de cultura, instituindo-se como um território da memória com uma geografia própria, que passa por locais como Buenos Aires ou Lisboa.

Embora essa livraria fosse a sua casa, o jovem Vicenzo Fontana vai insurgir-se contra os livros. Só ao conhecer Garúa, uma misteriosa rapariga argentina, é que, graças a eles, acaba por aprender tudo o que realmente importa e que a sua família sempre soube: como fingem os livros, como ajudam, como ensinam a amar, como fazem companhia e também como salvam.

Permafrost, essa camada do solo permanentemente gelado, é também a membrana que reveste a jovem mulher que narra, na primeira pessoa, as suas dúvidas, a pressão das expectativas criadas por uma mãe controladora e por uma irmã conformista, e a descoberta da sua sexualidade. Todo este remoinho de sentimentos, que a fazem sentir-se incompreendida, ora a empurram para pensamentos suicidas, ora para uma entrega intensa ao sexo, à literatura e à arte, numa espécie de fuga em que a liberdade feminina nunca deixa de ser reivindicada.
Longe de nos apresentar um bloco de texto frio, asséptico ou exânime, a estreia de Eva Baltasar na ficção combina, com acerto, um sentido de humor áspero e inclemente com detalhes perturbadores que, paulatinamente, se vão apoderando de uma trama repleta de imagens sensuais e vigorosas, poéticas e contundentes.
O último dia da Terranova, de Manuel Rivas, e Sete Casas em França, de Bernardo Atxaga, inauguraram Confluências, uma colecção que pretende ser um abraço entre línguas, uma fantasia editorial que pretende mostrar - em português e em espanhol - obras em destaque da literatura escrita nas diversas línguas faladas na Península Ibérica e na América Latina.

Uma fusão invulgar de duas Rimas de Berço - In the Dumps e Jack and Guy -, reinterpretradas e imaginadas pela sensibilidade única de Sendack, põem em relevo uma sátira ao dinheiro, ao mesmo tempo que exploram temas infelizmente ainda tão atuais, como a pobreza ou a situação dos sem-abrigo.

Mantendo a rima do texto original, a deliciosa tradução de Carla Maia de Almeida envolve o leitor numa trepidante narrativa, auxiliada pelo colorido das ilustrações, que põem em cena personagens caricaturizadas e excessivas na sua expressividade, como é o caso dos protagonistas, João e Rui, ou do miúdo pobre que eles acabam por ajudar.

A rede não é livre nem democrática. É um conjunto de servidores, satélites, antenas, routers e cabos de fibra óptica controlados por um número cada vez mais pequeno de empresas. Se a considerarmos um projecto único chamado internet, podemos dizer que é a maior infra-estrutura jamais construída e o sistema que define todos os aspectos da nossa sociedade. E é, sem dúvida, secreta: os seus algoritmos são opacos, as suas microdecisões não se rastreiam. Os centros de dados que armazenam e processam a informação estão ocultos, camuflados sob criptografia; a sua linguagem está desenhada para baralhar a ideia que temos dela.

O inimigo conhece o sistema, mas nós não o conhecemos. Este livro ajudará a compreender como é que a ferramenta mais democratizadora da história - a internet - se tornou numa máquina de vigilância absoluta e de manipulação de massas ao serviço de multinacionais, potências imperialistas e regimes autoritários. Só assim poderemos convertê-la no que a sociedade precisa: um instrumento para gerir as novas transformações da forma mais humana possível.